terça-feira, 2 de novembro de 2010

Africanos! Da escravidão mercantil a resistência

Ao iniciarem o processo de dominação sobre o continente africano os europeus não só colocou em punho suas armas, atacando populações indefesas com “pólvora, chumbo e bala”, assim como criaram teorias que justificavam sua presença na África e o dever do povo europeu em colonizar esses povos.
Tratando os africanos como “inferiores” segundo a lógica de dominação e exclusão por eles imposta, criaram uma teoria com base na ciência, haja vista, positivista, para justificar sua presença na África. Tanto o evolucionismo como o racismo servem para justificar a partir da lógica de exploração européia a dominação imposta no continente africano.
Para os evolucionistas os europeus possuíam a forma mais avançada de civilização. Estavam à frente dos outros povos e deveriam levar esse ideal de civilização a outras sociedades classificadas por eles como “primitivas”. Esses povos primitivos, não desenvolvidos, seriam “subjugados” aos valores e crenças européias.
Outra forma de justificativa se deu através da teoria racialista, que considerava uma divisão hierárquica da humanidade em raças, as quais são muito diferentes umas das outras e apresentam características adversas entre si tanto físicas como psicológicas. Essa visão de divisão das raças acabou por sustentar o pensamento da racista que divide as raças entre inferiores e superiores. “O racismo leva mais longe esse raciocínio, ao afirmar que essas supostas raças não apenas são diferentes, como estão posicionadas em uma hierarquia de capacidades e potencialidades”. (pg.2)[1]
Esse tipo de lógica de pensamento gerou uma ação de exploração. Através dessa justificativa racial, podia-se explorar o outro, tendo em vista a superioridade de uma raça sobre outra. O filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Em 1831, em suas “Lições de Filosofia da História Universal”, um clássico do evolucionismo, ele escreveu:

“O negro, como já observamos, exibe o homem natural em seu estado mais completamente selvagem e desregrado. Devemos deixar de lado qualquer pensamento de reverência e moralidade – tudo o que podemos chamar de sentimento – se quisermos compreendê-lo corretamente; não há nada em consonância com a humanidade que possa ser encontrado neste tipo de caráter.” (pg.7)[2]
Os europeus se estabeleceram na África, implantaram um sistema comercial que apenas favorecia aos seus interesses. E, para atender a esses interesses, desagregaram governos, desestruturaram sociedades e delas arrancaram riquezas. Não podemos negar que a presença dos portugueses, ingleses, bélgicos, franceses, alemães, na África contribuíram para a desagregar a organização político-social dos reinos africanos e contribuiu para o acirramento das disputas entre grupos étnicos.
O comércio gerado pela presença dos estrangeiros no continente africano contribuiu para o intercâmbio cultural e político, mudanças administrativas no governo, apropriação de cultura entre povos tribais e urbanos. Por outro lado, essa intensificação comercial gerou um dos mais vil comércio do que podemos conhecer, a implantação da escravidão mercantil.
A escravidão que vigorou nas Américas entre os séculos XVI e XVIII é, ao contrário, caracterizada pelos estudiosos como escravidão mercantil, pelo fato de que, nesse contexto, o escravo tornava-se uma mercadoria destinada a produzir outras mercadorias, no contexto da unificação global das redes comerciais regionais operada a partir do século XV pela expansão européia. (p.24)[3]
Homens africanos foram levados a outras terras e escravizados. Não se trata aqui dos mesmos métodos de escravidão praticados na África entre tribos, cujo vencedor tinha direito sobre o vencido, e este, sistematicamente se incorporava a tribo que o conquistara. A escravidão do comércio transatlântico favoreceu aos europeus, motivou a circulação de riquezas para os navegadores, comerciantes de seres humanos, contudo, aniquilou a liberdade de homens, mulheres e crianças. Pessoas eram vendidas nos portos atlântico africano, enviados ao “novo mundo”, América, em péssimas condições de sobrevivência. Navios negreiros ou tumbeiros transportavam aqueles que iriam trabalhar na América, nas lavouras de sol a sol em péssimas condições de sobrevivência.
Para o Brasil vieram centenas de milhares de pessoas, as quais, foram obrigadas a trabalho forçado, tratadas derespeitosamente como mercadoria. Desde que chegaram as Américas, especificamente ao Brasil, as formas de resistência passaram a se intensificar. A formação de quilombos nas regiões onde o trabalho escravo era intenso motivou a fuga de vários homens em busca da liberdade. Não somente no Brasil houve à insurreição dos africanos escravizados, também na África, vários grupos escravizados se rebelaram e realizaram fugas colocando-se contra ao processo de escravidão colonial.
Enquanto entre o século XVI e XIX vigorava a escravidão já no século XIX em seus finais dada a resposta do negros escravizados que organizados resistiram a opressão, quando da assinatura do documento oficial contra escravidão no Brasil só havia 5% de escravos. Na África neste período o sistema de lutas intensificou-se, ainda que com a não unaminidade dos diferentes atores sociais africanos envolvidos. Neste período havia divergência de grupos, cuja algumas elites africanas estavam adaptados ao sistema colonial, entretanto, nem todos concordavam com essa situação e na África encontramos casos de resistência, ainda que com menor número de armas e defasadas em relação a dos europeus, usavam espingardas e mosquetes, resistiram como podemos citar o caso da Etiópia que resistiu a invasão italiana.
Por outro lado, a divergência interna nos diversos reinos africanos contribui para que as potências européias se instalassem administrativamente. Contudo essa apropriação colonial não impediu as revoltas que ocorriam contra a opressão do Estado.
A imposição da ocupação e da administração propriamente ditas enfrentou uma resistência contínua, difusa e onipresente, estalando, vez por outra, em grandes revoltas. Os protagonistas dessa resistência não foram, em geral, as antigas aristocracias, mas a grande maioria camponesa, lideranças religiosas e militares emergentes e, em especial, os povos que nunca haviam optado por se organizar em grandes Estados.(p.6)[4]
Nas Américas casos como a independência do Haiti mostrou a outros africanos o caminho para a liberdade no século XIX. No Brasil, movimentos se intensificaram com a presença de africanos e seus descendentes, como ocorreu a cabanagem no Pará exemplo de luta contra as desigualdades sociais e a balaiada no sertão do Maranhão que lutou contra a opressão dos fazendeiros e autoridade local. Na Bahia destacou-se a revolta dos búzios e a revolta dos malês. Além dessas revoltas podemos destacar como símbolo de resistência as comunidades quilombolas.
Resistência que também se faz presente no Brasil na atuação individual de grandes líderes, intelectuais negros e abolicionistas como Joaquim Nabuco, Luís Gama, André Rebouças, Luíza Mahin dentre outros ícones da nossa história. Na África e nas diásporas a luta contra o colonialismo se ampliou pelos movimentos panafricanismo.

O panafricanismo nasceu desse encontro entre as experiências dos retornados, dos negros dos Estados Unidos que haviam optado por lutar por seus direitos civis no “novo mundo” e dos estudantes africanos na Europa confrontados com as contradições do pensamento ocidental, em teoria um pensamento universal, mas, na prática, extremamente excludente e particularista. Os pan-africanistas organizaram diversos encontros e congressos internacionais para combater, de forma pública, o racismo e a dominação européia na África.(p.9)[5]

[1] Texto módulo I – África que lugar é esse?
[2] idem
[3] Texto módulo 2 – Tráfico e escravidão
[4] Texto módulo – Colonialismo e Racismo
[5] idem

Um comentário:

João Carlos Pharaoh disse...

Nossa! Gostei muito do seu blog... As informações contidas nele.
Ótimas informações. Visite o meu.
Parabéns.

http://joaopharaoh.blogspot.com/

Seja bem Vindo!

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Este Blog nasceu do desejo de compartilhar experiências. Seu intuito é despertar em outras pessoas comprometidas como eu, o desejo de Realizar algo, que não seja novo, mas que seja um diferencia e um referencial para aqueles que também desejam Despertar e fazer acontecer!
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